domingo, novembro 12, 2006

CO2 no Kyoto dos Outros é Refresco!

Como Ele Chegou a Essa Sábia Decisão...
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O Protocolo de Kyoto, acordo sobre o clima global que foi finalmente assinado em novembro de 2001 em Marrakesh, transformou-se em lei em fevereiro de 2005 e será revisto em 2008. Este acordo não apenas exige que os países industrializados reduzam a emissão de gases poluentes durante um “primeiro período de compromisso" em 5.2% até 2012, em relação aos níveis de 1990, mas também recomenda que a comunidade internacional inicie as negociações para os próximos períodos de compromisso, dando um passo adiante na luta contra o efeito estufa.
Os Estados Unidos, o maior emissor de gases poluentes do planeta, decidiu não assinar o Protocolo de Kyoto. Com apenas cinco por cento da população do mundo, eles são responsáveis pela emissão de 25 por cento do principal gás poluente, o gás carbônico. Essa decisão do governo Bush influenciou vários outros países inclusive a Austrália, Japão, e Canadá a discutir se eles deveriam ratificar o acordo, ficando assim numa posição de desvantagem competitiva em relação aos EUA. Enquanto o Japão e o Canadá decidiram enfim assinar o protocolo, a Austrália, o segundo maior emissor per capita do mundo de gases poluentes, disse que não rira assinar. Outros 141 países o ratificaram, inclusive a China, Índia, Nova Zelândia, Rússia e países da União Européia.
A UE tem sido um parceiro importante do Protocolo, negociando incisivamente para que os países indecisos juntem-se ao acordo. A decisão do governo Bush de se retirar do Protocolo foi baseada em estudos sobre o impacto econômico de seus compromissos e não em pesquisas científicas sobre a mudança climática.
Evitar uma mudança climática catastrófica significa reduzir drasticamente a emissão de gazes poluentes que elevam perigosamente a temperatura do nosso planeta. Se essa decisão não for adotada já, haverá impactos significantes nos ecossistemas e milhões de pessoas estarão ameaçadas pelo risco de aumento da fome, malária e inundações, e bilhões correrão o risco de sofrer com a escassez de água. Uma ação internacional imediata deve ser tomada para reduzir a emissão de gases, ou o mundo pode enfrentar danos irreversíveis no clima global num curto prazo.
O governo Bush, no entanto, considera o tratado "fatalmente fracassado" sem a presença dos EUA.
Da Europa à China cresce um consenso que o mundo não pode se dar ao luxo de aguardar outra década para a elaboração de um outro protocolo sobre o clima. Da calota de gelo do Pólo Norte – que já perdeu 40 por cento de sua espessura na última década – até os recifes de coral próximos ao Equador – um quarto dos quais foram mortos pelo aumento da temperatura oceânica ou outras pressões – a Terra está nos dizendo que entramos numa era de perigosa mudança climática que já ameaça toda a população humana do planeta.
Ao rejeitar o Protocolo de Kyoto, o Governo Bush colocou as 180 nações co-signatárias numa posição difícil. A redução do apetite insaciável americano por combustíveis fósseis é crucial para a estabilização do clima da Terra.

A campanha de Bush para presidência foi apoiada e financiada pelas maiores empresas de petróleo dos EUA, que fizeram campanha contra o Protocolo e se opõem a qualquer redução na emissão de gases poluentes. No comando dessas corporações está a maior companhia de petróleo do mundo, a Exxon Mobil – Esso, para nós.

Desde 1990 – o ano-base do Protocolo de Kyoto – as emissões dos Estados Unidos cresceram mais 13 por cento. Na Europa, as emissões aumentaram em apenas um por cento. O aumento das emissões americanas durante os últimos 10 anos equivale ao aumento conjunto das emissões da China, Índia e África – regiões em rápido desenvolvimento que totalizam uma população dez vezes maior que a dos EUA.
Efetivamente, Kyoto é tudo que nos separa de um futuro de tempestades mais intensas e da elevação do nível do mar. Chegou a hora da Europa, do Japão e de outras nações desafiarem os Estados Unidos adotando o Protocolo.

Durante muitas décadas, o mundo dependeu desses arrogantes para a condução dos acordos ambientais internacionais. Mas agora acabou. Contrariamente ao Governo Clinton, cuja oposição a Kyoto era hesitante e opaca, a oposição do Governo Bush é grosseira, clara e irreversível.
Hoje, outros países, unidos pela ação autoritária do governo norte-americano, estão se preparando para assumir uma liderança maior. A Europa tem como aliado o Japão, forçado pelo Governo Bush a abandonar sua aliança tradicional com os Estados Unidos em política climática.
Logo após sua primeira eleição para presidente dos EUA, a imprensa americana noticiou: “Os antecedentes do presidente eleito George W. Bush como governador do Texas não permitem esperar por uma próxima administração norte-americana inclinada à proteção do meio ambiente, embora as cartas ainda não estejam totalmente à vista, afirmam os ecologistas.”
No Texas, Bush designara representantes de empresas petrolíferas e químicas para dirigir o escritório estatal de controle da poluição.
Por essa razão, o candidato do Partido Verde nas eleições de novembro, Ralph Nader, disse que o agora presidente eleito é "uma corporação multinacional com aparência humana"
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Virando o Jogo
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À medida que entramos neste novo século, vai ficando cada vez mais evidente que o neoliberal "acordo de Washington" e as políticas e regras econômicas estabelecidas pelo Grupo dos Sete e suas instituições financeiras - o Banco Mundial, o FMI e a OMC - estão desencaminhadas. As análises de estudiosos e líderes comunitários (...) deixam claro que a "nova economia" está gerando um sem-número de conseqüências danosas e relacionadas entre si - um aumento de desigualdade e da exclusão social, um colapso da democracia, uma deterioração mais rápida e extensa do ambiente natural e uma pobreza e alienação cada vez maiores. O novo capitalismo global criou também uma economia criminosa de amplitude internacional que afeta profundamente a economia e a política nacional e internacional dos diversos países. O mesmo capitalismo põe em risco e destrói inúmeras comunidades locais pelo mundo inteiro; e, no exercício de uma biotecnologia mal-pensada, violou o caráter sagrado da vida e procurou transformar a diversidade em monocultura, a ecologia em engenharia e a própria vida numa mercadoria.

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Fritjof Capra

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em "As Conexões Ocultas" Cap. 7.

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