domingo, março 09, 2008

Bush e o Conflito Sul Americano: Quebrando a Cara...


... Até Quando?...
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A história da política externa norte americana expõe, ao longo de décadas, toda a insensibilidade, avareza e beligerância desse povo.
Planejar golpes de estados em países que não lhe são simpáticos ou que não lhes rendem a homenagem que julgam merecer, apoiando grupos rebeldes mesmo sabendo que, muito provavelmente, num futuro próximo, se voltarão contra eles mesmos, é um enredo tão repetitivo quanto os produzidos na outrora glamuroza Hollywood. Mas, de que importa essa possível mudança de lado dos golpistas se o comércio de armas foi estabelecido, além de se haver instalado mais uma zona de conflito armado, com possível invasão daquele país que agora facilmente pode ser classificado como habitado por grupos terroristas, com a destruição parcial da sua infra-estrutura e futura reconstrução por empresas americanas, transformando o assassinato de civis em “falhas lamentáveis” e estrategicamente necessários para que uma “democracia plena”, bem aos moldes da de Washington seja estabelecida?

O acordo político-militar entre Estados Unidos e Colômbia sob o comando de Uribe, jogou o país sul-americano numa corrida armamentista e montou o maior aparato de guerra da região. “Com população de 44 milhões de habitantes, a Colômbia passou a ter um contingente militar de cerca de 208.600 efetivos, enquanto o Brasil, com 8,5 milhões de quilômetros quadrados e mais de 190 milhões de habitantes tem um contingente de somente 287.870, a Venezuela, 82.600 e o Equador, 56.500. E relativamente ao PIB, os gastos militares da Colômbia somam mais que o dobro dos gastos do Brasil e somente se comparam aos do Chile, que é também um país militarizado”.
Esta aliança - o Plano Colômbia - nasceu ainda em 2000, quando a o país era governado por Andrés Pastrana. Originalmente, a iniciativa tinha como justificativa pública combater os narcotraficantes. Na prática, visava as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e o Exército de Libertação Nacional (ELN). Uma mudança no aspecto formal da empreitada ocorreu após o 11 de setembro. George W. Bush renovou a parceria, rebatizada de Plano Patriota em sua segunda fase, e colocou-a no âmbito de seu enfrentamento “ao terrorismo”. Por meio desta parceria, os Estados Unidos repassam à Colômbia tecnologia militar, apoio logístico, treinamento de tropas e cerca de US$ 1,3 bilhões anuais para diversas finalidades, inclusive o financiamento da compra de equipamentos militares. E é a própria indústria bélica dos Estados Unidos o principal fornecedor do exército colombiano.

O governo brasileiro está convencido de que houve interferência americana na ação colombiana de invadir o território do Equador para atacar o grupo guerrilheiro que lá estava, sabe-se agora que, negociando com o governo francês, sob os auspícios de Chávez e Correa, a libertação de Bettancourt.

Essa possível ascensão de Chávez como negociador eficaz, não poderia ser permitida pelo governo Bush, o que fez com que redobrassem o empenho para que o principal negociador pelo lado das FARC fosse caçado e executado, estivesse em qual território estivesse, bem ao estilo norteamericano de pouco se lixar para a soberania de nações militarmente insignificantes.

O presidente da França reagiu mal à morte de Reyes, o negociador das FARC: "É um erro, um golpe muito duro para o processo de paz e para as negociações que visam a libertação dos reféns", teria dito Nicholas Sarkozy em reunião de ministros segundo jornal parisiense, "Reyes era interlocutor essencial para nós, vamos ter de recomeçar do zero". Diz o jornal que Sarkozy "não teria medido palavras para criticar" a operação.

A questão que se coloca agora para a América do Sul, é como lidar com o novo problema apresentado: a disposição dos Estados Unidos de agir, também aqui, diretamente na defesa de seus interesses estratégicos no mundo. A bola da vez parece ser o conjunto: Amazônia e campos de petróleo e gás de 'nuestra América". Nossos estrategistas militares, que nunca apreciaram muito os Estados Unidos, têm agora soberbas razões para ficarem totalmente inquietos com o soprar forte dos "ventos do norte".

Uribe tentou contra-atacar. Acusou Chávez de repassar US$ 300 milhões às Farc, informação negada pelo governo venezuelano. Bush veio em seu socorro e convocou apoio dos governos sul-americanos à ação de seu aliado. Em vão, o colombiano se isolou ainda mais. Presidentes do continente condenaram a ação, inclusive o brasileiro, pessoalmente. E Correa lançou uma ofensiva diplomática e iniciou um giro pela região (Peru, Brasil, Venezuela, Panamá, República Dominicana).

A posição dura contra a Colômbia, e a prioridade para a formação de um Conselho Sul-Americano de Defesa, fazem parte dessa resposta a uma possível ingerência dos Estados Unidos na região. Há um convencimento de que, sem o apoio americano, o governo Uribe não teria condições tecnológicas de rastrear a localização dos guerrilheiros, nem de realizar o ataque. Fato é que criou-se um conflito sem precedentes:
“O que está por trás dessa discussão é a hegemonia no Norte da América do Sul e da relação com os EUA”.

Uma possível vitória dos Democratas nas próximas eleições de novembro com certeza retardaria qualquer plano de pronta invasão da nossa América do Sul, mas não a extinguiria, pois, tais ações beligerantes e de expansão dos seus domínios, é uma questão cultural americana.
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